O GALO METEOROLÓGICO
Era meteorológico o galo da casa, cambiando entre azul vivo quando brilhava o sol e rosa pálido quando vinham as chuvas. A sua cor seguia os caprichos da meteorologia, ao anunciar e seguir o boletim. Outros da casa seguiam o galo que obedecia ao tempo.
Um dia, o deus da meteorologia desceu à casa e disse-lhe: “Dispenso-te dos teus afazeres, galo, pois com tantos e modernos métodos de previsão não preciso mais de ti”. Surgiu a dúvida no espírito do galo, sereno até então, sobre que cor assumir. Mas, logo se sentiu salvo pela brilhante ideia de se opor ao tempo ao invés de segui-lo. Passou a exibir-se rosa pálido quando o sol brilhava e azul vivo assim que se anunciavam nuvens. Mais do que as escolhas de cor, outra mudança se deu. Já ninguém seguia o galo, nem tão pouco admirava a sua capacidade de antecipação. Antes o criticavam por se opor a cada momento àquilo que todos queriam seguir. O galo meteorológico voltou a sentir-se triste, indeciso – pior, impreciso. Era incapaz de escolher uma cor que reflectisse o seu verdadeiro ser, pois era feito de substância inanimada, oco por dentro.
O galo meteorológico não morreu de desgosto, nem teve outro fim trágico que não fosse este: passou o resto dos seus dias variando de forma confusa e incoerente as cores que conseguia mostrar, por vezes tão indefinidamente que era impossível aos da casa determinarem o tom. A cor foi-se gastando, sem propósito, sem direcção, sem paixão. Um dia, era já nada.
Era meteorológico o galo da casa, cambiando entre azul vivo quando brilhava o sol e rosa pálido quando vinham as chuvas. A sua cor seguia os caprichos da meteorologia, ao anunciar e seguir o boletim. Outros da casa seguiam o galo que obedecia ao tempo.
Um dia, o deus da meteorologia desceu à casa e disse-lhe: “Dispenso-te dos teus afazeres, galo, pois com tantos e modernos métodos de previsão não preciso mais de ti”. Surgiu a dúvida no espírito do galo, sereno até então, sobre que cor assumir. Mas, logo se sentiu salvo pela brilhante ideia de se opor ao tempo ao invés de segui-lo. Passou a exibir-se rosa pálido quando o sol brilhava e azul vivo assim que se anunciavam nuvens. Mais do que as escolhas de cor, outra mudança se deu. Já ninguém seguia o galo, nem tão pouco admirava a sua capacidade de antecipação. Antes o criticavam por se opor a cada momento àquilo que todos queriam seguir. O galo meteorológico voltou a sentir-se triste, indeciso – pior, impreciso. Era incapaz de escolher uma cor que reflectisse o seu verdadeiro ser, pois era feito de substância inanimada, oco por dentro.
O galo meteorológico não morreu de desgosto, nem teve outro fim trágico que não fosse este: passou o resto dos seus dias variando de forma confusa e incoerente as cores que conseguia mostrar, por vezes tão indefinidamente que era impossível aos da casa determinarem o tom. A cor foi-se gastando, sem propósito, sem direcção, sem paixão. Um dia, era já nada.